segunda-feira, 24 de novembro de 2008



Todas as cousas que há neste mundoTêm uma história,
Excepto estas rãs que coaxam no fundoDa minha memória.
Qualquer lugar neste mundo temUm onde estar,
Salvo este charco de onde me vem Esse coaxar.
Ergue-se em mim uma lua falsaSobre juncais,
E o charco emerge, que o luar realçaMenos e mais.
Onde, em que vida, de que maneiraFui o que lembroPor este coaxar das rãs na esteiraDo que deslembro?
Nada. Um silêncio entre jucos dorme.Coaxam ao fimDe uma alma antiga que tenho enormeAs rãs sem mim.

Fernando Pessoa, 13-8-1933.

Japa sadhana


Japa (djapa) é a repetição de mantras, cujo objetivo é gerar estabilidade das ondas mentais, vrittis.

Esta foi uma prática muito importante em minha vida. Para se praticar usamos um contador, feito com várias contas de madeira, tradicionalmente 108 contas. Este contador chama-se mála, e o meu contem contas com cerca de 15 anos, quando adquiri pela primeira vez o meu mála e adotei esta prática poderosa.


Há quatro formas de japa:


vaikari ( vocalizado )
Upámshu (sussurrado )
Manásika (mentalizado )
Likhita (escrito)

O ideal é que se alterne as formas de praticar japa, ora sussurrando, ora mentalizando.


No caso do mantra escrito, é recomendado que se pratique durante meia hora. O praticante poderá usar seu mantra pessoal, ou o pranava.

Há inúmeros mantras que podem ser usados para este tipo de prática. Eu geralmente uso os bíja mantras dos chakras, ou o mantra abaixo:



OM NAMAH SHIVAYA

Este é um dos mais antigos, mais mencionados e mais utilizados mantras até os tempos atuais.
Pode ser traduzido como “Saúdo O Auspicioso”.


Este mantra é mencionado pela primeira vez no Yajur Veda, Taittirya Samhita, há mais ou menos 3.500 anos. Mas provavelmente pertença a uma tradição oral ainda mais antiga, já que a tradição vinculada há Shiva vem de épocas muito remotas.


Os versos originais do Yajur Veda são: Namastaraya namah shambhave cha mayobhave cha, namah shankaraya cha mayaskaraya cha, namah shivaya cha shivataraya cha


Significa: Saúdo à fonte de prazer, ao doador de saúde e deleite, homenagem ao mais auspicioso.
O Japa unifica os pensamentos, acalma o mar agitado dos vrittis, nos conduz a um nível expandido de cosnciência onde não há interferências externas, ilumina nossas mentes após estas experiências.

Este mantra nos liga ao arquétipo atemporal de Shiva, que resguarda o conhecimento do Yoga de todos os tempos, permitindo um resgate do Yoga ancestral.

Para se praticar Japa não devemos repetir mecânicamente os mantras, é preciso Bhava (atitude interna, sentimento). Devemos praticar com disciplina e segundo o grande Swami Sivánanda, podemos vocalizar 400 bijas por minuto! Executando 20.000 repetições em uma velocidade impressionante.


Assim estamos desenvolvento potenciais incríveis que estão adormecidos em sua mente, corpo e assim por diante.