quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Mas não me altere o samba tanto assim


“Enquanto os indianos cada vez mais se “ocidentalizam”, adotando os padrões uniformizantes da sociedade de consumo, cresce no Ocidente o interesse pelas filosofias orientais _ ainda que, muitas vezes, de forma superficial e deformada. É o que acontece com o Yoga...

Muito se fala dos benefícios e mesmo dos “milagres” do Yoga, mas na verdade pouco se sabe a respeito, a não ser como uma forma de ginástica que faz bem à saúde, acalma e até ajuda a curar certos males. Muitas distorções são geradas pela falta de conhecimento sobre o contexto cultural onde o Yoga floresceu, não sendo apreendida, em razão disso, sua verdadeira dimensão.”


(Trecho do livro: O Yoga, Tara Michael)


O Tango é uma arte que, de certa forma, permanece intacta ao menos em nosso imaginário. Quando pensamos em Tango logo nos vem à mente a imagem daquele casal bailando de forma exímia, espetacular. Temos ciência de que se quisermos nos tornar bailarinos de tango vamos precisar de muitos anos de estudo e prática. Vamos precisar entender sua cultura, há uma determinada forma de se vestir, comportar, gesticular, olhar durante a dança, um universo imenso a ser explorado.


Imagine então se um amigo seu, aquele que a cada momento se dedica a uma nova atividade, mas que, não dá continuidade a nada, declara: _agora estou dançando tango, é super relaxante, minha saúde melhorou demais e até parei de fumar cigarros! Agora só fumo charutos...


Sabendo bem o que é o Tango você diz que admira muito a dança e o quanto é difícil sua execução. Mas seu amigo começa a descrever o quanto é fantástico o novo método de ensino do Tango, com uma abordagem terapêutica. Ele diz que neste novo método o bailado acontece em meio a uma deliciosa piscina aquecida e para estimular os bailarinos, a água recebe gotas de essências de flores que desenvolvem a precisão dos movimentos durante a execução da dança, isso enquanto o seu par desliza com vigor os pés pela sua coluna vertebral gerando assim um incrível relaxamento e descontração muscular. Tango massagem aromática, o nome é algo parecido com isso. Ele diz ainda que enquanto você nada, quer dizer, dança você passa por uma análise como a que o psicoterapeuta faz. Decidiram substituir a característica rosa vermelha pela camomila, pois ela é cicatrizante, calmante e ainda clareia os cabelos. Apenas dois instrumentos dão o ritmo à dança-massagem-aromática: atabaque e gaita de fole. O charuto ele só fuma durante o grand finale, quando incorpora Juan Guariparé, uma das entidades que trouxeram nosso tango-massagem-aromática do outro plano.


O que ocorreu com o Tango na alegoria acima foi, mais ou menos, o que ocorreu com o Yoga.


Salientar os benefícios do Yoga se tornou uma pandemia. Ao ponto de reduzir a amplitude e profusão desta filosofia de vida a algo simplesmente utilitário, um produto a mais, vendido nas prateleiras de lojas naturebas.


Não estou negando que o Yoga renda uma constelação de benefícios. Mas, muito embora, eu tenha consciência dos mesmos, eu propositalmente esqueço deles enquanto ensino.


Se eu pretendesse ensinar um sistema que cuide dos setores físicos e psíquicos eu estaria me distanciando muito daquilo que venha ser o Yoga. Eu estaria fazendo um lindo trabalho, provavelmente permitindo que muitas pessoas tivessem sua saúde restaurada. Mas eu não estaria fazendo o que amo, não estaria ensinando Yoga. Para isso temos os médicos, psicoterapeutas, terapeutas holísticos, profissionais da área da saúde, etc.


E inúmeros artigos em revistas, livros, entrevistas na tv, falam sobre os incríveis benefícios do Yoga sobre a saúde. Mas falam apenas sobre isso, limitam o Yoga.


Com o advento do marketismo foi ensinado que um produto recebe o seu destaque através de seu diferencial. Nesta fase o Yoga já havia se tornado um produto, mas muitas pessoas ofereciam este produto. A concorrência era grande.


Surgiram os diferenciais: Vinho Yoga (acreditem, existe!), lamba-Yoga, Yoga pirotécnico, Yoga para astronautas, Axé-Yoga, Yoga para cães, Yoga com varas, Yoga com alteres, e o que mais a imaginação for capaz de criar.


Quanta distância entre o Yoga e estes novos sistemas...


Um professor bastante conhecido e respeitado veio até o Brasil no ano passado e visitou a nossa cidade. Fiquei bastante feliz em perceber sua sobriedade e seu conhecimento sobre o Yoga.


O professor entrou, avistou em mim um símbolo que ele reconheceu imediatamente como atrelado à tradição de Yoga que ele admira e sua palestra não girou em torno de amenidades, foi ao ponto e declarou: _Não existe Hatha Yoga no Brasil.


Eu confesso, não teria tamanha coragem de dizer algo deste tipo. Como também não tenho o porquê fazê-lo, meu foco é outro. Mas ele certamente teve lá os seus motivos para fazer tal declaração.


Eu conheço alguns excelentes trabalhos de Hatha Yoga em nosso país, onde o professor conhece esta tradição em todas as suas dimensões.


O Yoga é tem por objetivo içar o indivíduo a um nível expandido de consciência chamado samádhi. Neste estado de consciência ele percebe que está integrado com todos os seres e elementos que fazem parte do universo. Um estado bem diferente daquele nível de consciência onde o indivíduo percebe tudo de forma fragmentada e desconexa. Para que o praticante possa galgar este nível expandido de consciência o Yoga oferece conjuntos de técnicas e conceitos que irão proporcionar uma verdadeira revolução em sua vida e é neste ponto que os benefícios se processam, porém é apenas a ponta de um gigantesco iceberg. Por este motivo acabo esquecendo que estes benefícios existem.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Cultura NÃO é terapia



O que o saddhu acima está fazendo? (responda)

a) Uma terapia oriental para melhorar a saúde?
b) Dormindo?
c) Buscando pelo domínio do corpo e psiquismo afim de obter o estado de auto transcendêcia?
d) Tratando sua dor ciática?

Publiquei o texto abaixo no jornal Tribuna de Petrópolis e foi impressionante o número de pessoas que se sentiram felizes com esta colocação:

O Yoga é uma cultura que trata sobre o estado de unicidade e possui milhares de técnicas que têm por objetivo preparar todos os níveis humanos para que este estado seja vivenciado da melhor forma possível.

Assear a corpo com água e sabonete não é terapia, é um ato de bom senso. A limpeza e manutenção de órgãos internos e do psiquismo propospotos pelo Yoga nada mais é que uma medida necessária para se atingir o estado de lucidez objetivado pelo mesmo. Trata-se de um meio e não de um fim.

Qualquer pessoa que se proponha a estudar o Yoga identifica que ele não tem a ver com terapia.

O Yoga tem por fito levar o praticante ao estado de túrya, samádhi, moksha e não de curá-lo. Claro que o Yoga rende benefícios físicos e psíquicos, isto porque precisamos de um corpo forte, saudável e livre de memórias viscosas para que possamos nos aproximar destes estados de consciência.

Na Índia é comum vermos sadhus com o corpo atrofiado por permanecer meses, anos em um mesmo ásana. Seu ásana não aumentou a estética pessoal, nem melhorou suas funções biológicas, pelo contrário. Mas se perguntá-lo o porquê desta atitude vamos encontrar a resposta que irá rechaçar de vez a palavra "terapia" do Yoga (mas certamente a resposta está sob nosso nariz e não precisamos ir até um sadhu para encontrá-la).

O Yoga, como uma cultura milenar possui um corpo canônico vasto e complexo e um corpo técnico não menos profuso.

A música é uma cultura, uma arte, exige-se total dedicação de do cantor ou instrumentista. Horas de estudo, horas de ensaio, preparação também do corpo, aquecimento da voz, afinação do instrumento. Uma vida inteira dedicada a esta arte até que se possa pisar em um "Municipal". Imagine aquele pianista que perdera os movimentos das mãos de tanto treinar vendo a música sendo reduzida à terapia.

O trabalho do bailarino não é menos árduo, suor, horas de ensaio, dor, uma vida dedicada á dança, joelhos feridos, marcas pelo corpo, exaustão.

E com o Yoga também não é diferente, uma cultura em que o yogin pode mergulhar pelo resto de sua vida e mesmo assim pouco terá vivenciado.

Patch Adams foi genial ao dizer "a arte não precisa de ajuda da palavra "terapia".

O Universo do Yoga precisa tanto quanto, porque é também uma arte, uma filosofia, uma cultura. E a palavra terapia é muito ínfima para comportar todo este universo.
Claro que existe dança-terapia, musicoterapia, yogaterapia, todavia estão anos luz de serem A Dança, A Música, O Yoga. São sim terapias com práticas inspiradas nestas artes.

Patch Adams: Não concordo com “rir é o melhor remédio”. Eu nunca disse isso. A amizade claramente é o melhor remédio. É a coisa mais importante na vida. São nossas relações com aqueles que amamos. Infelizmente, os meios de comunicação, sendo como são, muito antes de me conhecer, imaginam que rir seja o melhor remédio. Então, quando escrevem o artigo, põem essa frase porque o fazem, na realidade, sem pensar. Também quero corrigir a ideia de que rir seja uma terapia. Também nunca penso em música como terapia, nem em arte, nem em dança. Nunca precisam da palavra “terapia”, que é pequena para ajudar. A arte não precisa de ajuda da palavra “terapia”. É a cultura humana. Não fazemos terapia de cultura.

A entrevista na íntegra:

http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/182/entrevistados/patch_adams_2007.htm

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pañcha Kosha



Fábio Goulart

Estamos relativamente familiarizados com o fato de termos um corpo físico denso. Kosha é uma das palavras sânscritas que designam corpo. Este corpo denso, seria um dos corpos, uma das esferas que fazem parte do que relativamente somos.
Mayah Kosha, significa literalmente "corpo cheio (mayah)". O termo sânscrito mayah, neste caso, não se refere à "algo ilusório", como vem sido usado por alguns autores.
Prána maya kosha, significa "corpo (kosha), cheio de(mayah) Vitalidade (prána).
Vamos utilizar o Tattwa bodha, composto por Shankaracharya para fundamentar nosso estudo sobre os Koshas. O Tattwa bodha é um ensaio visivelmente influenciado também pelo Sámkhya. Acontece que Shankaracharya tentava na sua época conciliar o Vedanta, o Sámkhya, o Yoga (jñana) e também o Tantra.
Um dos mais eruditos comentários sobre o samkhya karika (texto explicativo sobre a hierarquia ontológica samkhya), de Ishwara Krishna, foi traçado por Gaudapada que foi mestre do Govindapada, mestre de Shankaracharya.

Anna mayá Kosha, corpo feito de alimentos. O corpo físico denso. Não existiria termo mais apropriado para designar o corpo, já que somos exatamente o que comemos. O que já sugere a importância de uma dieta saudável, menos tamásica (tamás=obscuridade).

Tattwa bodha 6.4 O corpo denso , da essência do alimento surge e da essência do alimento (anna) envelhece, alcançando a terra na forma de alimento (anna); aquilo que se dissolve é o seu invólucro (koshaa) cheio (maya) de alimento (anna).

Observe a profusão de conhecimento contido neste verso com mais de mil anos. Ele nos alerta para o fato de nosso corpo ser constituído e formado através daquilo com que nos alimentamos. Da mesma forma que o corpo se mantem através da alimentação, através dela própria ele envelhece. Podemos fazer milhares de ensaios apenas com este único feragmento do Tattwa Bodha. Basta que atentemos para o fato da liberação dos radicais livres durante o processo químico que ocorre durante a digestão, observação bastante atual para a ciência, para que possamos pasmar com o conhecimento contido nestes textos antigos.
Aqui fica escancarado o porquê do Yoga preocupar-se com uma alimentação mais saudável. Porque o envelhecimento através da liberação dos radicais livres, podem ser combatidos também através da mesma fonte, a alimentação. Temos uma lista imensa de alimentos com propriedades antioxidantes, que vão justamente combater este processo de envelhecimento. O envelhecimento aqui mencionado não é apenas o processo natural, derivado das ações do tempo, mas sim à deterioração do organismo por alimentos que não contribuem para com um estado saudável.
Este sutra faz ainda que olhemos para o fato de que o corpo, feito daquilo que comemos, é transformado quando a energia vital não habita mais nele. E desta forma, o corpo serve de alimento para a própria natureza, volta a integrar-se ao universo de outra forma.
A divisão destes invólucros é hipotética, já que eles estão costurados um ao outro. E por isso nossa jornada como yogins tem inicio no corpo físico, é a ferramenta que temos em mãos de imediato. Levamos a percepção ao corpo físico denso, vitalizamos cada região com bioenergia, mesmo este anna mayá kosha é constituido de consciência, como tudo no universo e através da prática de ásanas vamos desenvolvendo os potenciais do corpo, entre eles a consciência corporal. Ao acionarmos os mecanismos do corpo estamos impactando em áreas mais profundas, e não tão-somente o corpo. Criamos auto-percepção, estamos em nós mesmos, buscando executar ásanas fortes e ainda sim obter descontração e expansão durante sua prática. Movimentamos a coluna e todos os meridianos energéticos, além dos chakras que seguem por seu eixo. O corpo támasico por natureza passa a ser insuflado por rajás, dinamismo. A vida é dinâmica, e um corpo tamásico tende a tropeçar se não preparado. Emoções e mente estão atreladas ao corpo, vamos até elas através dos ásanas.Quem nunca sentiu o emocional como sempre desejou após praticar ásana? Sentido-se invadido por um enorme bem estar, com energia suficiente para subir uma montanha?
Queremos que a luz do invólucro mais profundo irradie até nosso corpo durante a prática de ásana, queremos o corpo sentindo esta felicidade. Buscamos pela perfeição, buscamos pela liberdade durante a prática. Expandimos e estendemos o corpo rendendo-lhe mais espaço e espaço concede-nos liberdade do corpo, da mente, dos condicionamentos (samskaras), ou seja, seguimos rumo à liberdade suprema.
Durante esta prática nos enraizamos no presente, no aqui e agora. O futuro nós fazemos, não existe, o passado não tem que nos perseguir, só o presente existe. Assim vamos iluminando o corpo, criando um vajra deha (corpo de diamante), levando força, saúde, descontração a cada músculo, cada articulação.

Prána Mayá Kosha, o corpo feito de vitalidade. Calor, eletricidade, vibração, tudo isto é prána, energia.
4 Este corpo sutil é composto dos cinco grandes elementos (mahabhutas) [em estado ainda] não-denso , sua composição surge das ações da existência neste mundo, instrumento [que possibilita] as experiências agradáveis , desagradáveis e etc. através daquelas dezessete partes que permanecem [após a morte do corpo físico]: os cinco sentidos de conhecimento , os cinco sentidos de ação, as cinco energias vitais e etc. , e uma mente (manas) e um único Observador (buddhi). Tattva bodha, Shankaracharya

Os samskaras são registros no subconsciente e inconsciente. São estes registros que reencarnam, gerando tendências, desejos de agir desta ou daquela forma, de ser isto, ou aquilo, esculpindo o ego.

Tattwa bodha 6.6 O invólucro (kosha) cheio de força vital constitui-se das cinco energias (vayu), como a 'força que se move para frente' (prana), etc., e dos cinco órgãos de ação.

O corpo feito de prana é aquele que alimenta com sua energia todos os aspectos do ser. Ele infiltra-se entre os tecidos do corpo e segue para além deles, transmite impulsos elétricos (prana vahaka) que acionam e regem todas as funções do corpo físico. Há algo de mais sutil neste corpo que faz com que ele esteja relacionado também aos chakras, que estão além do corpo físico.
Os cinco vayús são nomes que o prana recebe ao penetrar as cinco regiões do corpo onde ele assume o comando sobre suas funções. São eles: prána, apána, samána, vyána e udána.

O prána atua sobre o peito, o apána na base da coluna vertebral, o samána está situado no abdômen, o vyána por todo corpo como parte essencial dos nervos e o udána é localizado no pescoço.


Mano Mayá Kosha, corpo feito de matéria mental. Este é o próprio psiquismo humano.
Tattwa bodha 6.8. A mente (mana?) e os cinco órgãos de conhecimento (jñana), juntos, quem se tornam o invólucro cheio de mente (mano maya kosha).

Este kosha é formado então por nossos orgãos de percepção, nossos sentidos que transmitem todo o tempo as informações para a mente.
Manás, a mente é como um computador que recebe, processa, armazena informações durante todo o tempo. O dinamismo mental, que faz da mente alterne seu objeto de contemplação todo tempo, possui uma convulsiva necessidade de variar. Na verdade esta é a natureza da mente, não há nada de errado com estas variações intermináveis. Mas podemos ter o poder do foco em nossas mãos. Podemos dizer à mente a hora de nos dar um descanso, de nos permitir que outros mecanismos possam ser acionados, temos o direito de pedir por silêncio. A mente pode se tornar tão volátil que podemos ter dificuldades até mesmo de encerrar um raciocínio, antes que isso ocorra a mente já variou. O foco é fundamental, é a busca por ele que nos faz de escravos a senhores. Uma mente disciplinada recebe os benefícios de poder computar os registros obtidos por níveis mais adiantados de consciência. A meditação produz uma mente desperta, menos turbulenta, no sentido de que seu conteúdo passar a ser mais produtivo. As imagens não são mais turvas e quando e preciso dizer: chega de oscilações! A mente repousa, em um único ponto, e por mais que se sinta tentada a variar, mesmo que o faça, ela volta e pousa novamente sobre o objeto de nosso foco. No Náda Bindu Upanishad a mente é comparada a uma serpente (venenosa?) que encantada pelo som cósmico do Náda, adormece.
O Yoga reconhece que uma mente bem treinada, além de fundamental para a prática, é capaz de muitas proezas que estão acima do comum. Por outro lado manás, a mente não é tão importante para o Yoga. Esta visão se deve ao fato de que o yogin pretende ir além desta estrutura psíquica vulgar, onde as informações são processadas, influenciadas por emoções, geradoras de outras emoções, impactada pelo subconsciente. Os samskaras, impressões latentes, funcionam como sulcos nas profundezas do inconsciente. Tais sulcos condicionam, criam as tendências de sempre se reproduzir o mesmo ato. Funciona, mais ou menos, assim: Um indivíduo que tenha se sentido magoado com alguém pelo fato deste não ter lhe dado atenção. Pode ser que esta mágoa crie um "sulco", um samskara, todas as impressões criam os samskaras. E à partir deste ponto ele cria uma tendência de interpretar os atos de outras pessoas como descaso, e mais uma vez se magoa. Isto se torna cíclico, reincidente. Ao ponto de haver um senso comum entre os amigos que dizem: tornou-se um temperamental!
Manás, a mente, é capaz apenas de formular questões, mas não de resolvê-las. A resolução, o conhecimento escoa de outra esfera. Manás em suas formulações tende, por falta de estrutura, conhecimento correto, testemunho verbal competente, ou por influência dos samskáras, a interpretar erroneamente as situações. O Yoga Sutra inicia descortinando estes "atos falhos" mentais, justamente pelo fato da mente sem Buddhi (intelecto) ser completamente incompetente.
Este erro de percepção, gerado por samskáras, preconceitos, tendências inconscientes, se projeta em nossas escolhas, estende-se até nosso futuro, gera confusão e cega.
É como alguém que age de forma sempre desastrosa, e ao ser bem aconselhado exclama: Eu sou assim!
Assim como? Vítima dela mesma, incapaz de mudar?
A memória é o acervo das experiências; o ego o agente, um personagem; a inteligência é aquela que resolve as equações; a mente, que não possui "mente", segue a direção que for tomada, sem questionar, ou analisar.
O Yoga não vê o ser humano como alguém impotente, mas como alguém que mereça se conhecer, descobrir o que é e torná-lo imortal!
Samskáras são gerados a todo momento, a questão é que devemos substituir os samskáras que se mostrem desastrosos, por samskáras positivos. Normalmente são conteúdos reprimidos. E para isso precisamos experimentar tudo o que nos faça bem e feliz e livre, de forma simples, como um pránáyáma, um pôr-do-sol, um beijo. Vamos sentir vontade de repetir estas ações, assim são os samskáras, eles geram desejos, vásanas.
Nosso corpo mental é radiante, o senhor dos siddhis, muito poderoso, rápido, astuto, capaz de ir para longe, capaz de fazer-se presente no momento atual. Um singelo pensamento pode mudar nossa vida, pode nos alavancar até a conquista de nossos objetivos. Um pensamento pode também ser fatal, um cruel e vigoroso golpe na cabeça.
Por isso há algo que está acima da plataforma mental, onde a consciência flui de forma mais refinada e luminosa, inteligente.

Vijñana Mayá Kosha, a luminosidade desta quarta camada do ser chega à manás. Estes insights, são espécies de flashs de sabedoria, são respostas de nosso Vijñana Mayá Kosha.
Buddhi é de natureza auto-reflexiva, que nos orienta sobre nossas escolhas, é nossa inteligência individual, o potencial criativo. A sabedoria adquirida aqui não é proveniente de fontes externas, porém internas. Buddhi forma o Vijñana maya kosha juntamente com os órgãos de percepção.

Tattwa bodha 6.10 O intelecto (buddhi) e (ca) os cinco órgãos de conhecimento, juntos, são quem se tornam o invólucro cheio de compreensão (vijñana).

Quando executamos pratyahara, recolhendo os sentidos, não havendo mais estímulos externos, podemos entrar em dhárana, unidirecionando a percepção. Desta forma abrimos o caminho para estes insights fluirem de forma contínua, como arroios de conhecimento. A consciência assume o "corpo de conhecimento". Buddhi é a camada do ser formada pela mesma luz de Mahát, a inteligência universal. Esta inteligência universal está essencialmente dentro de tudo que faz parte da natureza (Prakrití).
Da mesma forma como vivificamos nosso Anna Mayá Kosha com a prática dos ásanas, através da prática de samyama (meditação) ativamos o Vijñana maya kosha. Este corpo é quem lança luz sobre elaborações mais complexas, está bem acima das elaborações meramente mentais, egóicas, ou emocionais.
O Vijñana Maya Kosha, reluzente, vai iluminando camada por camada, até o Anna Maya Kosha, o corpo físico denso, permitindo um cérebro com padrões otimizados de funcionamento. A auto-percepção envolve o corpo durante a prática dos ásanas por exemplo; a inteligência desloca-se da "cabeça" e irradia-se por cada fibra muscular, cada filamento nervoso. Por isso a visão de ásana como um mero exercício físico é um equívoco normalmente feito. Ásana estimula os chakras, movimenta o prána pelo corpo, nos leva à Ánanda e ao samádhi.
Quando acessamos este Kosha, concentrando nossa atenção em suas funções e acionamos buddhi, criamos um campo de força que se irradia e pode ser sentido, de tal forma, que este campo pode ser capaz de por uma questão de simpatia aumentar a vibração de quem se aproxima. Aqueles saddhus que passam meses meditando emitem ondas de saber.
Agora observe este trecho do livro A Arquitetura do Eu, do Leonardo Mascaro:
"Em 1952, o físico alemão W.O. Schumann postulou que nosso planeta, sendo, como é, um bom condutor elétrico, teria ao seu redor um bom dielétrico (qualquer substância ou meio no qual um campo se sustenta com mínima dissipação de força), no caso, o a na atmosfera, seguido de outro bom condutor elétrico: a ionosfera. E isto, em si, constitui um sistema ressonante em potencial, que surpreendentemente, conforme medido ainda na década de 1960, pelos Drs. Koch e Pitchum, da Universidade de Rhode Island, nos Estados Unidos, possui características de onda idênticas àquelas ondas elétricas do cérebro humano! Há pessoas que, seja por características herdadas ou treinamento, conseguem sintonizar o componente psicoativo (ondas H) do campo magnético terrestre – que se situa em valores muito baixos, da ordem de um microgauss, isto e, um milésimo de Gauss, e que pode ser entendido como um verdadeiro condutor cósmico de informação – e literalmente efetuam a trasdução desse sinal, assimilando o conteúdo de sua informação, algo comumente observado em faculdades paranormais como a clarividência, por exemplo, quando genuinamente expressas."
Ánanda Maya Kosha, a palavra Ánanda significa felicidade, bem-aventurança, beatitude.
Tattwa bodha 6.12. Assim, de fato, a essência do corpo causal é o desconhecimento(avidyá),pois devido aos movimentos(vrittis) mentais associados a pensamentos de felicidade (priya), etc., essa situação ainda não pura de completa quietude dá existência ao invólucro cheio de bem aventurança (ánanda).

Sat-Chid-Ánanda, Existência, Consciência e Felicidade. Estas são as três qualidades atribuídas ao Todo. A Pura Consciência em seu aspecto transcendente é Nirguna, sem qualidades.
Saguna Brahman é o Brahman com qualidades e é a única forma de Brahman que podemos de fato conceber. Mesmo que façamos referência ao Nirguna Brahman, o não condicionado, este é ainda o Saguna Brahman, condicionado.

O Ánanda mayá kosha ainda não é o próprio Púrusha, ou Brahman, o Si-mesmo essencial. O Púrusha que se espelha sobre a individualidade (que é diferente de ego) está além dos koshas. Avidyá, a ignorância de nosso estado pleno, Uno, é responsável pelos kleshas. Estados dolorosos. Se por um lado a ausência do conhecimento de quem somos gera estados dolorosos(kleshas), por outro lado, a descoberta de quem somos rende um estado de Ánanda, felicidade. Mais uma vez vamos falar sobre a importância do amor, pois este sentimento é também Ánanda. O calor da vida é atributo desta felicidade.
"É preciso que o self, após desenvolvimento do ego, reconheça que está experenciando alguma coisa muito maior do que o self individual. Este conhecimento gera alegria – a alegria do vislumbre de quem realmente somos." Amit Goswami, O Universo Auto Consciente.

A felicidade que é Ánanda não só está dentro de nós, como nos envolve, é parte de nossa natureza. Da mesma forma como temos audição e paladar, braços e pernas, portamos Ánanda. Mas muitas são as pessoas que ignoram seus sentidos, e simplesmente estão inconscientes de seus braços e pernas. Estudiosos, ou dos potenciais mentais, ou da própria filosofia monista fazem troças sobre este fato, dizendo que somos repolhos. Estamos em coma, vegetando, com a visão obstruída para a realidade.
Ánanda é o estado de felicidade livre dos condicionamentos. Não se trata aqui de uma forma de felicidade volúvel, que podemos chamar de alegria, que deriva de um momento e tem seu limite.
O que depreendemos ou constatamos é que através do estudo sobre os koshas conquistamos uma ponte para um melhor viver, uma vez que identificamos nossa felicidade residindo em nosso âmago, assim como o que sentimos, desejamos e assim por diante. Até mesmo nosso corpo é formado através do que habita em nosso interior. Portanto ser feliz é mais do que prazeroso, é saudável, é necessário.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Uma alimentação coerente


O uso da não violência já era incentivado na Índia pelo Yoga e por outras filosofias há milhares de anos. Uma alimentação mais compassiva fazia mais sentido para aqueles que possuíam uma visão mais clara, e consequentemente, adquiriam um corpo mais saudável e mais leve, o que favorecia o seu caminho.

Nunca tive vontade se assistir o comentado filme "a carne é fraca" simplesmente porque não preciso ver cenas bárbaras para poder ser convencido de que a alimentação à base de carnes não é algo sustentável, saudável, etc.

Aos 13 anos de idade deixei de comer qualquer espécie de carne, o que nunca me fez qualquer falta. As dores de cabeça que sentia todos os dias desapareceram, o excesso de gordura desapareceu, minha pele mudou e melhor: minha mesa mudou. Passei a descobrir inúmeros novos sabores, texturas, combinações, a mais deliciosa das cozinhas se revelava á mim. Não aquela cozinha vegetariana sem sabor que alguns restaurantes oferecem, mas algo realmente melhor do que muitos restaurantes convencionais oferecem.



A questão da carne é puramente cultural, uma espécie estranha de condicionamento, onde as pessoas "comem o planeta" e ainda intoxicam seu corpo.

Seria um ato egoísta de minha parte não dividir o que uma alimentação vegetariana pode oferecer à você, ao planeta...

Há muitos nutricionistas especializados em alimentação vegetariana que poderão orientá-lo.

O mais interessante, na minha opinião, é que não me sinto vegetariano. esqueço que sou vegetariano, isto porque me alimento muito bem, porém sem carnes.

O site abaixo possui muito material sobre o vegetarianismo, adicione em "favoritos".

"O relatório "In Dead Water" ("Em Águas Mortas"), elaborado por uma equipe de cientistas por incumbência do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma),cujo 10ª conselho especial termina hoje, em Mônaco, traça um panoramatenebroso."Há 65 milhões de anos, quando desapareceram os dinossauros, o mar estava saturado de dióxido de carbono (CO2). Em poucas décadas, a partir de agora, aágua do mar será ainda mais ácida do que naquela época". A afirmação pessimistaé de Ken Caldeira, da Universidade de Stanford, que, junto com outros cientistase o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, apresentou o relatório à imprensa.Steiner resumiu as ameaças que assolam os oceanos: a pesca intensiva e as más práticas pesqueiras, como o arrasto e a pesca em profundidade, as mudanças climáticas e a poluição litorânea. Segundo o diretor-executivo do Pnuma, "seria uma irresponsabilidade culpar uma só delas, mas, em coro, farão com que em 30 ou40 anos desapareça a indústria pesqueira e aconteça o colapso biológico dos mares".O relatório indica que a metade das capturas pesqueiras do mundo acontece em menos de 10% do oceano. É nesta área que se produz a maior parte da atividade biológica de espécies consideradas chave na cadeia alimentar. Devido às mudanças climáticas, "com o aumento de 3 graus na temperatura das águas superficiais, mais de 80% dos corais - fundamentais na ecologia marinha - podem morrer em décadas, entre 80% e 100% em 2080", segundo o relatório.A acidificação do mar, devido à dissolução de CO2 provocada pelo uso de combustíveis fósseis, em poucas décadas danificará também os corais e outras espécies que metabolizam conchas calcárias. Ainda segundo o relatório, o desenvolvimento litorâneo "aumenta rapidamente" e há a previsão de que "atinja negativamente 91% de todas as costas desabitadas até 2050, contribuindomajoritariamente para a poluição do mar".As mudanças climáticas afetam negativamente "a circulação termoalina - grandes correntes - e o fenômeno de fluxo e refluxo de água continental, crucial para75% das pescas". Em conjunto, a poluição litorânea e as mudanças climáticas"acelerarão o desenvolvimento de zonas mortas, muitas delas próximas a plataformas pesqueiras".O número de zonas mortas - regiões com hipóxia (falta de oxigênio) - aumentou de149 em 2003 para 200 em 2006, afirma o relatório apresentado. "A pesca intensivae o arrasto de fundo estão degradando o habitat e ameaçando a produtividade e adiversidade biológica. As áreas danificadas pelos arrastos levarão váriosséculos para se recuperar", advertem os cientistas."Já existem projeções que indicam o colapso da indústria pesqueira como resultado da superexploração, e é muito provável que esse colapso se antecipe,como resultado de múltiplos fatores que atuam de forma combinada", afirmaram oscientistas em Mônaco."

Fonte:
http://www.vegetarianismo.com.br/

terça-feira, 16 de junho de 2009

Trilha sonora para o Yogin!


Fiz uma seleção de artistas e músicas que estão sempre presentes em minhas aulas. São trabalhos muito bons e que incrementam a prática pessoal de cada um.

Todas as músicas estão disponíveis no youtube e há bons programas para fazer downloads destas músicas. Assim você terá uma trilha sonora para uma prática completa de Yoga.

Para praticar Ásana, kriya:


Bill Laswell - Beyond The Zero

Prem Joshua – Secret Place

Susheela Raman – Mahima

Café del mar – Paradise

Dzihan&Kamien-Ocean Air

digby jones - under the sea

Apocalyptica - One

Prática de pranayama, púja, yoganídrá:

Hariprasad Chaurasya

Rajendra Teredesai

Secret garden

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sou grato sim!


Devido a uma confusão onde as pessoas acham que tenho algum tipo de animosidade pelo prof.DeRose, ou pelo SwáSthya Yôga, decidi não omitir o que penso.

Vivemos em um mundo em que as pessoas têm um medo tonto de falar, exprimir o que sentem e, sinceramente, não quero ser visto como partidário de clube nenhum. Tão pouco de um clube onde pessoas mascaram ódio com amor.

Tenho em minha biblioteca uma quantidade de autores dos quais nada sei sobre sua vida pessoal, sobre seus erros e acertos. O que identifico são muitas ideias boas, outras questionáveis, muitas incoerências, muita humanidade. Só não serei eu, quem irei julgá-los, muito menos condená-los.

Não compartilho de muitas ideias do DeRose, mas não representa nenhum tipo de investida contra sua pessoa. Discordo, da mesma forma, das ideias de muitos amigos aos quais amo.

Acho que há uma força maior que nos une a todos, que nos dá sentido, e estou, sinceramente, me esforçando para me livrar do hábito de ver as pessoas por seus defeitos. Não devido ao Yoga, mas algo que faço por mim mesmo. Nem tenho o porquê ter raiva de alguém que está com os cabelos brancos e que nada me fez.

Sei que o que digo aqui provoca coceira em algumas pessoas. Mas que cada um seja livre para sentir o que quiser, fazer o que julgar justo. Então também gostaria de ter este direito respeitado, e que o Yoga não fosse, de maneira alguma, um ambiente hostil, ao menos para mim.

Amo o Yoga, e quem fez eu me apaixonar de vez por esta filosofia certamente foi o prof. DeRose, e por isso lhe sou muito grato. Estou falando da arte, cultura, filosofia que é de suma importância para mim, portanto não se trata de qualquer tipo de gratidão.

Se ter gratidão por alguém, reconhecer qualidades neste alguém enquanto todos apontam seus defeitos, for algum tipo de pecado, então me desculpem, mas não vou entrar neste jogo de ficar panfletando contra ninguém.

Tenho muitos amigos praticantes e professores de SwáSthya, assim como de outras linhas de Yoga. Sou grato também ao Hermógenes, Shimada, Bastos Freire, ou qualquer outro professor que tenha espalhado sementes que se tornaram árvores que dão bons frutos até hoje.
Não é que eu me posicione sobre "o muro". A questão é que este muro nunca existiu para mim.

Om Shanti!

Vyagra para aquilo que ama!

"Não há um segredo para o sucesso do Cirque du Soleil. Só total dedicação, paixão e talento. Não há uma fórmula, mas a essência mesma do que fazemos e oferecemos, que não é um produto, mas uma experiência"
Matthew Jessner,
diretor artístico do Cirque Du Soleil


Acho inspiradores os trabalhos onde o ser humano completamente apaixonado pelo o que faz acaba, por consequência ficando acima daquilo que é considerado comum.


Vyahgra é uma palavra sânscrita que significa excitação, intensidade.

Qual é a nossa relação com aquilo que realizamos, aquelas atividades onde usamos uma parte considerável do nosso tempo? Melhor ainda, qual a nossa relação com aquilo que consideramos importante para nós? O quanto trabalhamos para uma melhora crescente?


Certamente se podemos identificar um progresso a cada dia, vamos levar os frutos do nosso empenho até as pessoas que nos cercam.

Se tratando de Yoga o esforço é necessário, é essencial, a própria filosofia era mencionada há milhares de anos como Tapás, até que este termo, que significa "ardor" passara a ser um dos princípios de uma filosofia já conhecida como Yoga.

Claro que, como seres livres, podemos optar por um estado de estagnação e conformismo, sem sofrer com isso. Mas sou tão grato àquelas pessoas que, como os mencionados artistas do Cirque Du Soleil, colocam-se acima do maravilhoso e nos arrancam arroubos do coração!

O ator Sérgio Britto, ganhador premiado em 2008 pelo O Globo, abriu a noite da premiação deste ano com um discurso que me fez pegar uma caneta e copiá-lo.

Ele contou que em 73 quando produzia uma peça juntamente com Ademar Guerra, foi censurado por ele que disse "Chega Sérgio, você não fala de outra coisa, só sabe falar sobre um assunto, teatro".

Em seu discurso, o premiado ator disse: "Ademar, hoje, passados 35 anos, eu só penso em teatro, só produzo teatro, só fala em teatro, essa é a minha diferença".

O que aprendo com essas pessoas é que Bhava, amor, é o que insufla alma naquilo que fazemos. Não quero esquecer disso nunca, quero olhar para essas pessoas e aprender, ao menos um pouco daquilo que usam em sua arte.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Obrigado!


Pattabhi Jois, mestre incansável, deixou este mundo aos 93 anos de idade, nesta segunda feira, dia 17 de maio de 2009. Pattabhi Jois dedicou-se ao Yoga até os últimos anos de sua vida, sendo um exemplo de energia.
Seu trabalho se tornou muito influente em todo o mundo que se tornou mais rico com o conhecimento transmitido pelo Mestre.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Para se aprender



Om Tryambakam YajamaheSugandhim PushtivardhanamUrvarukamiva BandhananMrityor Mukshiya Maamritat
Nós adoramos Tryambaka (SHiva), Perfumado promotor da prosperidade.Como a cabaça de seu talo,que eu possa me libertar da morte, não da imortalidade.
Nota: este é o grande mantra da vitória sobre a morte e pertence ao Rig Veda, possuindo segundo alguns historiadores cerca de 5 mil anos. A cabaça é um fruto que desde tempos muito remotos vem sendo utilizado para a fabricação de instrumentos musicais, entre outros artefatos. A cabaça ganha a imortalidade, é transformada.

Rebuliço no pomar das goiabeiras


Neste livro Sampath sobe em uma goiabeira afim de um pouso de contemplação e da noite para o dia torna-se um guru que atrai uma enorme multidão, que frenéticamente adentra o pomar em busca da iluminação!


O autor, Kiran Desai, consegue extrair boas risadas dos leitores com esta história que ocorre a todo momento em alguma parte do mundo.

Poema de Kabir


Ó, ser liberto, eu sou o Yogi de muitas eras:não venho, nem vou, tampouco me esvaneço;eu saboreio e desfruto o Som Não-Percutido.Em toda direção, vejo apenas uma coleção e um carnaval de mim:estou em todos e todos, em mim;sou eu apenas, absolutamente só.Eu sou o siddha, eu sou o samadhi:eu sou o que silencia, eu sou o que fala;a forma é minha própria forma manifestando o sem-forma.Eu sou aquele que joga o jogo consigo mesmo.Kabir diz: escuta, ó sadhu! Já não há mais desejo.Estou flutuando em mim mesmo, em minha própria cabana,brincando sem esforço por vontade própria.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Praticando ásana

Em ásana, o intelecto precisa estar no corpo, a mente precisa permear todo o corpo e o coração pulsar por todo o corpo e ambos devem estar também além dele.

Fabio Goulart

segunda-feira, 23 de março de 2009

Cultura não é terapia

O Yoga é uma cultura que trata sobre o estado de unicidade e possui milhares de técnicas que têm por objetivo preparar todos os níveis humanos para que este estado seja vivenciado da melhor forma possível.
Assear a corpo com água e sabonete não é terapia, é um ato de bom senso. A limpeza e manutenção de órgãos internos e do psiquismo propospotos pelo Yoga nada mais é que uma medida necessária para se atingir o estado de lucidez objetivado pelo mesmo. Trata-se de um meio e não de um fim.

Qualquer pessoa que se proponha a estudar o Yoga identifica que ele não tem a ver com terapia.

O Yoga tem por fito levar o praticante ao estado de túrya, samádhi, moksha e não de curá-lo. Claro que o Yoga rende benefícios físicos e psíquicos, isto porque precisamos de um corpo forte, saudável e livre de memórias viscosas para que possamos nos aproximar destes estados de consciência.

Na Índia é comum vermos sadhus com o corpo atrofiado por permanecer meses, anos em um mesmo ásana. Seu ásana não aumentou a estética pessoal, nem melhorou suas funções biológicas, pelo contrário. Mas se perguntá-lo o porquê desta atitude vamos encontrar a resposta que irá rechaçar de vez a palavra "terapia" do Yoga (mas certamente a resposta está sob nosso nariz e não precisamos ir até um sadhu para encontrá-la).

O Yoga, como uma cultura milenar possui um corpo canônico vasto e complexo e um corpo técnico não menos profuso.

A música é uma cultura, uma arte, exige-se total dedicação de do cantor ou instrumentista. Horas de estudo, horas de ensaio, preparação também do corpo, aquecimento da voz, afinação do instrumento. Uma vida inteira dedicada a esta arte até que se possa pisar em um "Municipal". Imagine aquele pianista que perdera os movimentos das mãos de tanto treinar vendo a música sendo reduzida à terapia.

O trabalho do bailarino não é menos árduo, suor, horas de ensaio, dor, uma vida dedicada á dança, joelhos feridos, marcas pelo corpo, exaustão.

E com o Yoga também não é diferente, uma cultura em que o yogin pode mergulhar pelo resto de sua vida e mesmo assim pouco terá vivenciado.

Patch Adams foi genial ao dizer "a arte não precisa de ajuda da palavra "terapia".

O Universo do Yoga precisa tanto quanto, porque é também uma arte, uma filosofia, uma cultura. E a palavra terapia é muito ínfima para comportar todo este universo.
Claro que existe dança-terapia, musicoterapia, yogaterapia, todavia estão anos luz de serem A Dança, A Música, O Yoga. São sim terapias com práticas inspiradas nestas artes.

Patch Adams: Não concordo com “rir é o melhor remédio”. Eu nunca disse isso. A amizade claramente é o melhor remédio. É a coisa mais importante na vida. São nossas relações com aqueles que amamos. Infelizmente, os meios de comunicação, sendo como são, muito antes de me conhecer, imaginam que rir seja o melhor remédio. Então, quando escrevem o artigo, põem essa frase porque o fazem, na realidade, sem pensar. Também quero corrigir a ideia de que rir seja uma terapia. Também nunca penso em música como terapia, nem em arte, nem em dança. Nunca precisam da palavra “terapia”, que é pequena para ajudar. A arte não precisa de ajuda da palavra “terapia”. É a cultura humana. Não fazemos terapia de cultura.

A entrevista na íntegra:

http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/182/entrevistados/patch_adams_2007.htm

sexta-feira, 20 de março de 2009

Carma-Cola

Há alguns anos li um livro de uma autora indiana chamada Gita Mehta. Neste livro Mehta vai traçando histórias (reais) com seu humor ácido e consegue nos render boas gargalhadas.
Uma pessoa me devolveu este livro expressando tanto nervosismo que chegava a tartamudear. Dizia que nunca lera tamanha barbaridade, que o livro era uma afronta à espiritualidade e assim por diante.


De certa forma as histórias contidas no Carma-Cola podem ferir o universo de algumas pessoas. Me sinto feliz por poder ler o livro com uma certa distância de seus casos.


Lanço aqui no blog uma pitada do Carma-Cola, mas é muito válido se adquirir o livro.


Há outro guru que estimula a fé de seus seguidores num estádio de futebol de Delhi prometendo uma prova da existência de Deus. O homem tem sido visto realizando milagres às pencas, de tal forma que as pessoas estão predispostas a lhe conceder insight sobrenatural na lógica e na semântica. As massas esperam resfolegantes.O guru lhes informa, por meio de um tradutor simultâneo, que Deus existe porque se você olhar no Dicionário de Inglês de Oxford, na letra G, acabará encontrando a palavra God. Triunfal, o guru ergue seus braços curtos abençoando a platéia perplexa mas crente, sentada em fileiras apertadas no vasto campo onde, seis horas antes, atletas suados correram atrás de uma bola, e anuncia:"Está no dicionário. Aqueles que duvidam da existência do divino, que procurem a prova no dicionário. Como poderia o que não existe estar no dicionário?".O número de adeptos desse guru se tornou tão grande nos últimos anos que ele tem agora de dar sua bênção de um helicóptero. No seu aniversário, hinos de louvor irrompem das gargantas de um milhão de crentes terrenos, dirigidos à pequena pinta cor de laranja de certeza acenando para eles de uma máquina voadora.(Pág. 107)


Um ashram na Índia costuma transplantar terapias californianas populares para celas forradas de couro no porão de suas instalações. O criador de uma das terapias de toque mais avançadas veio da Califórnia visitar o ashram e verificar pessoalmente o tipo de sucesso que suas técnicas de grupo de encontro estavam tendo num ambiente religioso indiano.(Pág. 44, 1o.)

( Gita Mehta. Carma-cola: o marketing do Oriente místico)

terça-feira, 10 de março de 2009

Tapás para a estética corporal!

Muitas pessoas deixam de lado a malhação, porque não encontram nela muito sentido e acabam se identificando completamente com o Yoga, uma cultura milenar.

Homens e mulheres descobrem o Yoga como uma fonte que oferece auto conhecimento, qualidade de vida e acredite: estética corporal. Claro que o fazem sem banalizar o Yoga.


Sempre gostei de dar aulas em academias, isto porque as pessoas chegam desejando um corpo sarado e acabam descobrindo que o Yoga não é bem isso, o corpo fortalecido e estético é um benefício muito pequeno diante do que o Yoga pode oferecer. Mas ele é importante para muitos, não há nada de errado em desejar estar mais bonito, desde que o façamos de forma saudável.

Yoga não é só ásana, o verdadeiro yogin é aquele que pratica Yoga quando faz qualquer atividade, isto porque o faz com uma visão diferente, sem que com isto se distancie do mundo.

Mas, sempre que o assunto em pauta é “queima de gordura” alguém recomenda exercícios aeróbicos e o Yoga, neste caso, fica de fora.

Fica de fora porque Yoga não é exercício físico, os ásanas, técnicas psicofísiológicas nascem de atitudes interiores, são formas de se peneirar e trabalhar memórias diluídas entre as fibras musculares e células, são meios de dissolver os “vrittis”(modificações da consciência, chitta*) e obter o foco necessário à meditação. Ásana ilumina!


Gasto calórico não é exclusividade da educação física, até beijar e dormir são exercícios que despendem gasto calórico. Alguns estudos apontaram para o fato de que algumas sequências de ásanas constituem exercícios aeróbicos, como o súrya namaskára!

Portanto para quem deseja perder peso, pratique surya namaskára e lembro sobre o que diz Shankara em seu Tattwa Bodha: “o corpo físico é feito de alimentos. Da ess~encia do alimento ele se nutre, da essência do alimento ele deteriora”. Portanto uma boa alimentação, rica em alimentos funcionais, e muitas sequências do súrya namaskara será a combinação perfeita para quem deseja perder medidas.

Todos sabemos que um abdome sem gordura é sinal de saúde, além de estética. Há inúmeros ásanas que esculpem o abdome. Se não deseja uma hipertrofia exagerada, não precisa colocar sua coluna sob uma “roleta russa” de 500 abdominais diários.


A estética, como tudo, vem de nosso interior e abrilhanta nosso corpo.

“O surya namaskara parece adequar-se bem à mo­dalidade dos exercícios ditos aeróbios, e ainda apresenta o benefício da realização de alongamentos estáticos e dinâmicos, que conferem ao praticante apurada flexibilidade.”

“Se assumirmos que esta média de dispêndio calórico é correta, podemos hipotetizar que uma aula com­pleta de yoga (modalidades vigorosas) requeira do praticante um dispêndio total de 397,95 quilocalorias, o que se aproxima do gasto calórico de modalidades esportivas mais rigorosas e dinâmicas, como ginástica de academia e pedaladas indoor (aulas com bicicletas estacionárias).”

Adalberto Tripicchio MD PhDpsiquiatra - logoterapeuta
*Chitta (Consciência vulgar): Manas –ahamkara – Buddhi

Costas e Abdome fortes!

Trikona significa "triângulo". Este é um daqueles ásanas que exigem muita consciência corporal ao ser montado. Isto porque observo que há uma tendência do aluno em deslocar o quadril à medida que desce, o deslocamento ocorre como que em uma torção à frente. Por isso ele deve se esforçar para nivelar o quadril, girando a lateral do mesmo em direção ao teto.
O trikonásana fortalece as pernas, o quadril. Fortalece o quadrado lombar, o transversoe oblíquos abdominais. Os músculos centrais (da cintura) quando fortes e flexíveis, protegem contra estiramentos nas costas, além de outras complicações mais graves.

É muito importante que não se gire o tronco à frente, e sim mantenha-o próximo á linha das pernas. Para isso é preciso um excelente alinhamento do quadril.

Como esta posição fortalece o abdome, ela rende suporte à coluna e à pelve, inclusive a articulação sacroilíaca.

Segundo Iyengar em seu “Light on Yoga”, o trikonasana “Alivia problemas gástricos, melhora a flexibilidade da coluna, fortalece os tornozelos, reduz o descomforto durante a menstruação, ajuda a tratar entorses do pescoço, alivia as dores nas costas, e tonifica a pelvis.”

Um tronco alongado e forte, é isto que proporciona o trikonásana e isto significa menor risco de se lesionar a coluna com atividades rotineiras.

Puja

A palavra púja significa honra, gratidão, oferta.
Esta prática já faz parte do cotidiano dos yogins na Índia há milhares de anos. O sentimento de gratidão surge à medida que a felicidade derivada de uma comunhão com o todo irrompe em nosso coração.
Na Índia é comum vermos o púja sendo dedicado ao Ganga (rio Ganges), ao sol, aos deuses, ou ao mestre.
Por milênios o Ganges vem nutrindo e abastecendo inúmeras cidades e seus habitantes demonstram sua gratidão. Em nosso universo isto pode parecer uma prática banal, que não leva a nada. Mas já perdemos tanto, que somente quando trazemos de volta estas praticas ancestrais conseguimos sentir o quanto poderosa e transformadora é a prática do púja.
Em algumas regiões da Índia há um dia especial em que os indianos agradecem até mesmo a existência dos móveis e utensílios em suas casas, dedicam um púja aos mesmos.
Acontece que qualquer objeto que faz parte do Universo é a mais pura consciência, e isto fica muito claro para algumas pessoas.
Quando surgiu o documentário "O Segredo" milhões de pessoas no mundo começaram a entender como a Consciência cria a realidade. Porém se você pede, gera a frequência do "pedir" e não recebe. Mas se você doa, gera a frequência do doar e como o Universo está pronto para doar, finalmente recebe.
O Tantra é permeado por práticas que objetivam essa relação amorosa com o Absoluto, sim, fazemos amor com o Absoluto quando amamos alguém. O Tantra "Cosmoliza" tudo, enxerga a Consciência Suprema em tudo: Sol, rios, mestres, a pessoa amada, e si próprio.
Todo o universo é maternal, o tempo todo nos oferta flores, frutos, água, leite e não há, naturalmente, na Terra qualquer tipo de escassez. Esta maternidade universal é chamada de Shaktí. Tudo nasce de alguma matriz pré-existente, milhares de úteros nos envolvem, isto é Shaktí, a energia universal. Como não ser grato por tudo isso?
Aprendamos a permitir que a força da gratidão escoe para fora de nosso ser e isto certamente irá alterar positivamente o nosso karma, isto nos leva até onde desejamos chegar.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Vigor!


Uma vida corrida, sem poder se dar o direito ao lazer e ao repouso vai afetando muitas áreas importantes na vida de uma pessoa. Entre elas a sexualidade. Foi o que foi apresentado ontem em uma reportagem que assisti e decidi escrever este pequeno artigo. Pequeno porque há muito mais para ser tratado em relação à estes temas, mas prefiro ser mais objetivo e levar até você uma técnica bastante eficaz.

É sempre bom lembrar que Yoga não é uma terapia, seus benefícios se dão por uma questão de maior atenção voltada para si próprio. Dançar, tocar um instrumento, namorar, tudo isso rende efeitos benéficos e não são terapias.

O Yoga auxilia na redução do estresse até um nível saudável, o que devolve o direito à saúde. Além disso há alguns ásanas que contribuem para o aumento de suprimento de sangue nos órgãos sexuais.

Upavishtakonásana

Com as pernas bem afastadas e os ísquios bem firmes sobre o solo (sem acentuar a curva lombar), o praticante inspira elevando os braços lateralmente e exala levando o tronco à frente, segurando cada perna com as mãos. A força no braço e a coordenação da respiração com os movimentos auxiliam o progresso no exercício deste ásana.

Desta forma ele alonga os tendões das pernas, os músculos posteriores das pernas e músculos das costas. Através da pressão intra abdominal ele estimula os órgãos do abdômen.

Este asana, como todos os de abertura pélvica, estimula o muladhára chakra, responsável pela estabilidade física e psíquica.

O aumento do fluxo sangüíneo na pélvis otimiza a função dos órgãos sexuais, estimula as glândulas sexuais. O melhor funcionamento destas glândulas possui um profundo impacto psicofisiológico. Este impacto pode mudar a vida do praticante, gerando mais energia (ojas), força de vontade(virya) e felicidade.

O emprego do mula bandha afim de potencializar o exercício é interessante porque esta técnica também estimula as glândulas sexuais e fortalece o assoalho pélvico.

O movimento das primeiras vértebras lombares e o alongamento dos músculos desta região eliminam a dor nas costas, portanto tratam-se das vértebras mais difíceis de serem empregadas nas ante flexões do Yoga. Por isso é importante a aplicada do auto estudo e muita consciência durante a execução dos ásanas.

Segundo Iyengar este ásana alivia a dor ciática, previne hérnia, e aumenta o suprimento de sangue nos órgãos da pélvis.
Fabio Goulart

sexta-feira, 6 de março de 2009

Abra seu coração!


Se “o corpo fala” o que ele quer comunicar quando a maioria das pessoas se apresenta com peito fechado, a coluna curvada?

A má postura durante o trabalho, para quem trabalha sentado ou de pé, debruçado sobre alguma mesa gera esta atitude corporal. A depressão e o estresse também contribuem para uma coluna arqueada.

O fortalecimento e alongamento dos múscuslos responsáveis pela movimentação das escápulas vão gerar liberdade, permitindo que o praticante possa manter sua coluna ereta.

Neste caso é importante a prática dos ásanas que abram o peito. Abram o anáhata chakra criando espaço para mais amor, amor próprio, este é o melhor suporte para sua coluna e para a boa postura.

O Anáhata chakra é a sede da sensibilidade, uma espécie de sensibilidade criativa que anda de mãos dadas com o intelecto superior. Este centro de força quando flamejante é capaz até mesmo de elevar o moral das pessoas que travem contato com você.

O importante é que todos os músculos sejam alongados e fortalecidos. O encurtamento dos músculos do tórax, latíssimo do torso, peitorais, faz com que surja uma curvatura na parte superior das costas, como também na região média.

Segundo Julie Gudmestad (professora de Iyengar Yoga e fisioterapeuta) o fortalecimento dos adutores escapulares, os rombóides e o trapézio durante o Shalabhásana irá eliminar a curvatura na parte superior das costas. Depois deve ser feito uma variação com cotovelos flexionados e mãos próximas às orelhas onde se sentirá o trapézio e os rombóides puxando as escápulas em direção à coluna.

Na verdade quaisquer ásanas que alonguem estes músculos e depois os tonifiquem são eficazes para se construir uma coluna ereta e organização adequada na parte superior das costas, ombros, peito e haverá menos impacto sobre a cervical e outras áreas do corpo.

Portanto é importante se entender que os ásanas tem uma atuação muito mais interna, rompendo samskaras (memórias, pulsões do subconsciente), gerando samskaras criativos que contribuam para com a vida do yogin. Os samskaras formam a memória, a memória está resguardada pela mente (manás) e é imprescindível que haja o entendimento de que mente não é algo que está alojado em algum local do seu cérebro. Manás, a mente, com suas emoções, memórias está amalgamada com suas fibras musculares, penetra a intimidade de suas células. Por isso ásana consiste no caminho contrário de como suas emoções atuam sobre o corpo. Vamos do corpo à profundidade do Ser.

Sabendo destes conceitos yogis (referentes ao Yoga) o praticante pode se dar conta do quanto é importante um peito aberto para a Vida, cheio de entusiasmo, criatividade e amor.
Fabio Goulart

quarta-feira, 4 de março de 2009

Dhyana


"Onde quer que a mente vá, seja em direção ao exterior ou em direção ao interior, em todo lugar há o estado de Shiva [Pura Consciência]. Uma vez que Shiva é onipresente, onde pode a mente ir (para evitá-lo)?"

Vijñana Bhairava Tantra (Trad. Jayadeva Singh)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Ilumine-se!



JORNADA AO ESTADO DE UNICIDADE
Experenciando os níveis de consciência e o Yoga



Todos os caminhos do Yoga convergem para a condição autêntica do ser. Esta é a condição essencial de cada pessoa, algo que está além das construções e constituições egóicas. A jornada interior consiste em um freqüente despir-se de camadas.

O Yoga identifica o indivíduo como que vivendo em um estado inautêntico, o que o deixa despreparado e perdido em meio ao universo fenomênico.

A jornada do Yogin se inicia quando ele se senta em uma posição confortável e deixa de alimentar seus sentidos com os estímulos externos, unidirecionando sua percepção até que em determinado momento o fluxo de pensamentos e o ego vão sendo deixados para trás. Como ovelhas tresmalhando-se pelo prado que se torna cada vez mais verde, brando e vazio.


"Assim sentado, domina a sua mente e dirige o pensamento a um ponto de concentração, retendo, ao mesmo tempo, as impressões dos sentidos e não deixando entrar na mente pensamentos que vagueiam. Nessa posição, conservando calma e persistência, purifica a sua alma, dirigindo a consciência ao EU, ao Absoluto, que é o fundamento de todos os seres." Bhagavad Gita, VI-12.

O senda interior vai sendo desobstruída à medida que novos estados de consciência vão sendo conquistados. Como um botão de flor que segue desabrochando camada por camada de suas pétalas até o perfume de seu íntimo possa ser revelado.

Os primeiros Upanishads, surgidos por volta de 1500 a.C, tratavam essencialmente do conhecimento sobre O Absoluto (Brahman). Estes mesmos textos discorriam sobre quatro estados de consciência, que similares aos degraus de uma escada levam à percepção do Absoluto.

O estado de vigília é conhecido como Jagrat; em seguida conquista-se o estado de swapna, ou sono sem sonhos; então é possível penetrar o estado de sushupti, sono profundo e finalmente atinge-se o luminoso estado de túrya.

Em sua exposição sobre o Yoga, Patañjali afirma que Yoga é a supressão dos movimentos da consciência vulgar, de forma que o Eu possa repousar em sua verdadeira natureza, enquanto isso não ocorre o individuo tem sua percepção borrada por tais oscilações.


O Chandogya Upanishad é uma obra bastante anterior ao Yoga Sutra, mas compartilhava o mesmo ponto de vista ao supor que as águas e as montanhas meditem. Meditam porque repousam em sua própria natureza, não criam mitos sobre si próprios, não há oscilação em "sua consciência", não há ego.

Potencialmente já nos encontramos em um estado iluminado, já estamos essencialmente onde devemos estar, mas somos incapazes de vivenciar este estado enquanto a consciência (chitta) estiver à deriva, levada pelos movimentos (vrittis) que se relacionam com nossos condicionamentos, desejos (vasana) e impressões latentes no subconsciente (samskara).

Os direcionamentos rendidos pela influência do inconsciente e subconsciente são responsáveis pela perda da liberdade do indivíduo. Estas impressões estão embrulhadas pela ignorância.

Somente quando nos permitimos lançar nossa visão para o que há de mais íntimo em nosso ser, fechando as portas dos sentidos para os estímulos externos através de técnicas eficazes é que vamos aos poucos nos aproximando de nosso estado autêntico.

Para que alcancemos este estado precisamos penetrar em níveis de consciência favoráveis ao rompimento com a visão limitada e fragmentada que dá origem à distinção entre sujeito e objeto. Este estado de super cognição descortina a verdadeira natureza do Ser, como pura Consciência.

Segundo o Samkhya Karika o buddhi (intelecto) é responsável pela distinção entre Natureza (pradhana) e Pura Consciência (Púrusha).

No Brihad Aranyaka Upanishad o sábio Yajñavalkya usa a imagem de um peixe que se desloca entre as duas margens de um rio, fazendo uma alusão ao fato do indivíduo transitar entre os níveis de consciência, estando ora no estado de vigília, ora penetrando swapna (sono sem sonhos).

O estado de transição da consciência conhecido como swapna ou taijasa (sono sem sonhos) recebe este nome por ser caracterizado por uma sensação de adormecimento, muito embora o yogin permaneça desperto e atento durante todo o tempo.

O estado conhecido como sushupti ou nídrá(sono profundo) é caracterizado pela sensação de desaparecer do ambiente e do próprio corpo, neste estado os insights surgem como raios que iluminam o psiquismo.

O quarto estado, túrya, caracteriza-se pela experiência da bem aventurança (ánanda) e o yogin tem a sensação de inundar-se de luz, sensação de unicidade com o Universo. Neste ponto os opostos são diluídos, não há distinção entre sujeito (aham) e objeto (idam).

Segundo o Hatha Yoga Pradípiká neste estado de consciência (túrya) o tempo não pode penetrar. Isto se deve à sensação de não localidade, não sujeição ao tempo.

O Yoga nos oferece o mapa para este feliz mergulho na Totalidade com a mesma intimidade esbanjada por um pardal que se banha e refresca em uma poça de chuva.



Fabio Goulart

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Vencendo a morte


Este é o mahamrityunjaya mantra, o grande mantra da vitória sobre a morte.

http://www.youtube.com/watch?v=X0POEKc5WB0



Om, nós adoramos aquele que possui três olhos,


perfumado promotor de riquezas,

Assim como a cabaça se desprende de seu talo

que eu possa me livrar da morte,

não da imortalidade





A palavra urvarukam refere-se à cabaça, muito embora venha sido traduzida como "pepino". Esta imagem é muito interessante porque as cabaças desde os tempos remotos serviram para fabricação de instrumentos musicais, de percução, e recipientes, não "morre sobre o solo" e sim ganha a eternidade através da criatividade do homem, sofre uma metamorfose.



Este mantra milenar é considerado um mantra protetor e libertador. Ele também é chamado de moksha mantra, aquele que dá a libertação, dos condicionamentos, das reincidências provocadas pelos samskaras.



O mantra pode ser inserido em sua prática de japa, repetido 108 vezes, ou pode ser entoado com alegria em forma de kirtan.



Permita que este mantra derrame-se sobre sua língua como o mais saboroso doce e vibre seu coração e sua esfera mental.